quarta-feira, 15 de julho de 2020

Conto: O Infinito.

Gênero:fanfiction
Contém: Spoiler, revelação do enredo final da série.


O Infinito.



Baseado na série Dark.

Tempo: Final da terceira temporada.

Tamanho: Uma página.

Pré-requisito para entendimento: Assistir a série.

Título: Uma fissura no Infinito.
Naquele instante, seu corpo flutuou. Sentiu ao mesmo tempo a presença de si mesmo mais jovem, e mais velho. Não conseguia movimentar o corpo porque todas as consciências dos moradores de Winden invadiam sua mente em agonia. Súbito, foi imerso em um corredor tridimensional feito de luzes.
De um lado podia ver Jonas e na outra extremidade Martha. Sentia simultâneo o que eles sentiam, e compreendia a mesma informação.

Percebeu que precisa agir, se o plano dos dois fosse consumado, sua própria existência estaria comprometida. Tentou mover se, mas ainda não conseguia.

Tudo ficou escuro, sentia seu mundo diminuindo, o esmagando em uma massa de energia, o corpo vibrava como se fosse explodir e não resistindo à pressão, desmaiou. Seu resquício de pensamento, foi amargura e revolta por saber que o loop acabaria e nada mais poderia fazer para impedir a inexistência.
Porém, por um capricho do destino, aquela força de vontade de existir, em um corpo inerte próximo a se desfazer, causou uma fissura no espaço tempo, e deixou escapar em algum tempo e local específico para aquela mente agoniada.

Em uma noite com temporal forte.
Acordou sobressaltado, a respiração ofegava como estivesse correndo por horas, o corpo todo tremia, uma terrível dor de cabeça acompanhada de confusão mental.
Embora o desconforto fosse enorme, sorriu de forma sinistra.
 "Estou vivo! Não sei como, mas estou!" - Pensou sentindo o rosto encharcado com a chuva.
Levantou-se com dificuldade, estava tentando compreender o tempo e lugar em que estava.
A luz do poste permitia ver que estava em uma estrada. Sentou-se no acostamento para aquietar a mente, e olhando para o vazio, começou a compreender toda a situação.
Antes, não tinha outra opção a não ser manter o doloroso loop. De certa forma estava livre como um gênio liberto da lâmpada, podia fechar os olhos e respirar o ar sem nenhuma obrigação e mesmo assim, sentia que ainda deveria fazer uma escolha.
Existir era bom, porém, ele não era ninguém, não tinha para onde ir, não tinha conhecidos, não tinha propósito, não tinha vida... Era uma aberração com consciência plena que sua existência não fazia sentido, e a compreensão disso, o atormentou. Tinha ainda que escolher se realmente deveria aceitar desfazer a si mesmo no vazio ou preservar seu propósito absoluto em manter dois mundos existindo em constante início e fim.
E se escolhesse a opção da não existência, então todos os milhares de loop a qual foi submetido, não teriam valor algum. Um nada para o nada eterno.
Todo aquele sofrimento em vão, e toda aquela dedicação escorrendo para um agoniante e desesperador vazio. Era como escrever um livro importante e a seguir colocar fogo e observar as cinzas ao vento.

Com ódio, constatou que precisa desfazer a última jornada de Jonas e Martha.
Naquele mundo não tinha máquina do tempo, o que para ele era o maior obstáculo, não podia interferir ou influenciar um acontecimento passado.
Sua versão no momento, era de um idoso. Uma pessoa normal sente o peso da vida e tem a tendência de ir aos poucos aceitando a velhice após os 50 anos de idade, mas não ele, que no caso tinha a consciência de todos os anos de vida em loop, para ele, 50 anos era ainda infância.
A experiência significativa, funcionou como uma forte intuição que o fez ficar observado o vazio, como se soubesse que algo iria acontecer ali. Primeiro viu a chuva fazer curva em uma forma invisível, a seguir alguns raios de luzes, e então ali em sua frente começou a formar a aparência de Jonas e Martha, era como se pudesse ver em câmera lenta. Avistou o carro se aproximando daquela forma incompleta.

 "Ainda não aconteceu?"  - Se indagou confuso.

A intuição o invadiu como um raio, sentiu que tinha uma chance, não poderia pensar em um plano, sequer deveria vacilar, sabia que ali, o próximo fato seria único e irreversível. Sua existência dependia fatalmente dos próximos segundos.

Decidido, começou a se movimentar. Sabia a origem da sua existência e sabia também como deveria provocar.

O filho, neto e nora de Tannhaus precisavam morrer.

Nenhum comentário:

Postar um comentário